sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Lembro-me...


Lentamente me recordava dos traços da tua pele, da sua textura, do seu tom, do seu toque... Os teus lábios começavam-se a delinear-se aos poucos e os teus olhos começavam a ganhar forma com aquele castanho profundo que me lembro sempre ter admirado... Lembro-me do dia que passamos junto ao mar, apenas nós os dois a ouvir as ondas e a sentir a doce brisa balancear ao de leve os nossos cabelos. Lembro-me - agora - claramente de me olhares nos olhos, pousares ao de leve a tua mão no meu rosto e dizeres «Eu Amo-te» e em seguida me deliciares com todo o Amor com que o teu beijo me podia presentear. Lembro-me de estar sentada no meio das tuas pernas com os joelhos contra a barriga e a cabeça delicadamente deitada sobre o teu peito... Lembro-me do bater do teu coração e dos beijos que, ao de leve, me davas na cabeça... Lembro-me de observar o pôr-do-sol - tal como me tinhas prometido que farias... Lembro-me do arrepio que senti quando pegas-te na minha mão suavemente, como se de um pétala de rosa se tratasse, e observamos com emoção aquele momento. Lembro-me de pegar na tua mão e colocá-la sobre o meu peito para que sentisses o bater do meu coração. Lembro-me do toque frio da areia naquele dia de Inverno. Lembro-me de como a maré enchia e esvaziava. Lembro-me do quanto eu havia esperado por esse dia. Lembro-me de um beijo intenso que fez com que nos deitassemos na areia e, à luz da lua, deixassemos o Amor fluir. Lembro-me de adormecer bem junto a ti, com a mão sobre o teu peito para me certificar que nunca me esqueceria do bater do teu coração e do toque extraordinário da tua pele. Beijei docemente os teus lábios para que jamais esquecesse o seu sabor. Cheirei o teu pescoço para que o teu cheiro nunca me abandonasse. Lembro-me de te acordar pouco antes do sol nascer para que podessemos observá-lo a erguer-se sobre aquele mar azul...
Lembro-me... Lembro-me... Recordo-me...
Dos dois homens que apareceram... Tinham duas armas apontadas a nós! Um deles mexeu numa madeixa do meu cabelo, balançando-a para trás da minha orelha para que, de perto, podesse apreciar os meus traços. Não o permitis-te. Esmurraste-o e colocaste-te à minha frente à defesa. O gajo irritou-se, queria-me levar. Puxou-me pelo braço e apontou-me a arma. Corres-te. Puseste-te a minha frente e ele disparou! Vi a bala dirigir-se ao teu peito em câmara lenta, vi o teu sangue salpicar a areia...
Coloquei a minha mão sobre o teu peito... o teu coração - não conseguia senti-lo como à momentos.
«Eu Amo-te, por favor não me deixes...» - implorei. Mas os teus olhos fechavam-se lentamente enquanto um sussurro saía pronunciado pelos teus lábios «Sempre te amarei».
Olhava em meu redor... estava num quarto de hospital.
E lembrava-me do teu cheiro, do sabor dos teus lábios, do toque da tua pele, do bater do teu coração...

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