domingo, 23 de janeiro de 2011

Sussurro ao mar #9


O andar do comboio deixava-me o estômago ás voltas. Já tinha tentado contactar os pais do Tiago vezes sem conta mas a chamada era automaticamente direccionada para o voicemail. Olhava para o anel que sustentava o meu dedo e pensava nele, no quanto perfeito tinha sido aquele momento e no quanto eu não estava disposta a perdê-lo. Coloquei a mão sobre a minha barriga e fazendo festinhas disse:

Nós vamos encontrar o papá filhote...

Só eu sabia o quanto esta noticia o iria deixar feliz, só eu sabia o quanto ele o desejava. E agora cá estava eu, enfiada há uma hora e meia dentro de um comboio, partindo para o desconhecido, sem saber qual o estado do amor da minha vida. Só agora me apercebia do quanto as minhas mãos tremiam, só agora dava conta do quão rápido batia o meu coração, só agora me dava conta de que estava aterrorizada. O comboio parou na estação. Peguei na minha mochila e saí da carruagem sentindo de imediato aquela brisa leve e fria que fazia esvoaçar o meu cabelo loiro encaraculado. Dirigi-me até à praça de taxis e indiquei-lhe a morada de casa do Tiago; só esperava que lá estivesse alguém que me podesse dizer em que hospital é que ele estava internado. Quando o taxi parou em frente a casa dele e eu saí do carro fiquei a contemplar aquela fachada esplendorosa com um olhar fixo e impressionado. A fachada daquela casa deveria ser de origem vitoriana, e eu sabia que há gerações que pertencia à sua familia... Toquei à campainha e uma senhora veio à porta; calculei que fosse a tia.

Desculpe minha senhora, eu sou a namorada do Tiago. Cheguei agora á cidade, vim de comboio e gostaria de saber se me poderia dizer em que hospital é que ele está.
Tia: Oh querida, fizes-te uma viagem longa. Não queres entrar a lanchar alguma coisa e eu de seguida levo-te lá.

A verdade é que a minha barriga roncava e neste estado não me faria bem ficar sem comer por isso aceitei o convite da gentil senhora. Por dentro a casa era ainda mais fascinante e apesar da sua antiguidade e do seu cheiro caracteristico eu sentia-me bem lá dentro. Ela colocou algumas coisinhas boas na mesa da sala de jantar e eu quando eu digo que devorei aquilo tudo digo-o literalmente.

Tia: minha querida, estavas realmente esfomeada.

Em menos de nada o meu estômago começou as voltas e só tive tempo de perguntar onde era a casa de banho e correr para lá para vomitar. Eu conseguia ver a preocupação nos olhos daquela senhora. Perguntou-me se eu estava bem e continuamente acenei com a cabeça. Perguntou se queria comer mais alguma coisa visto que tinha vomitado tudo mas eu neguei porque apesar de não ter nada no estômago sentia-me cheia. Dirigimo-nos ao carro e em 10 minutos chegamos ao hospital central onde o Tiago estava internado. Corri para a recepção e perguntei em que quarto se encontrava. Assim que obtive a informação corri para o elevador e subi até ao 3º andar. Entrei de rompante no quarto 238 e estanquei perante aquela visão...

Continua...

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