quarta-feira, 27 de abril de 2011

Nature #4


O toque daquelas páginas nos meus dedos mostrava-se áspero, seco. Avisava que um embate mais forte poderia arruinar os segredos antigos que aquelas folhas resguardavam. Eram tantos os mistérios de cada palavra que um tumulto começou a percorrer-me; provocava-me calafrios.
Perdi-me no meio daquela escrita morta e quando me dei oportunidade de desviar o olhar apercebi-me que a noite havia chegado, calma e sombria. Tenebrosa. 
A coragem que havia dentro de mim e me permitia investigar a fundo cada história contida ao findar de cada excerto dissolveu-se e, com um barulho que ecoou dentro daquelas paredes frágeis, fechei o livro antigo e encorajador de medos.
O meu estômago pronunciou-se alarmando-me com um ruído extremamente desnecessário. Abri pela primeira vez os armários da cozinha e as suas portas rangeram com a velhice.
- Comida - vociferei. Parecia uma pobre mendiga que há meses não sentia o sabor quente e apurado de um belo prato.
Procurando nos sítios mais cómicos fui encontrando os ingredientes necessários para fazer a minha especialidade: esparguete à bolonhesa - Humy!
Preparei a mesa com um prato, talheres e um copo de pé alto; queria agradar-me a mim mesma e para tal rematei com a bela jarra de vidro contemplada por a orquídea que, anteriormente, decorava sumptuosamente o quarto.
Sentei-me, sozinha, apreciando o pequeno manjar que me tinha preparado. O cansaço tomava-me conta dos olhos e depois de arrumar tudo no seu devido lugar procurei algo que pudesse usar como camisa de noite. Abri a gaveta da cómoda e, alinhados, estavam três conjuntos de noite: um conjunto de camisola e calções, outro mais quente - para noites frias e invernais - e uma camisa de noite branca, suave e levemente rendada. Esta última foi a minha opção. Depois de um duche rápido vesti-a e coloquei-me rapidamente na cama. A noite estava mais fria do que eu esperava e, novamente, encolhi-me tentando aquecer-me. 
Sentia as horas a passar, o tic-tac do relógio avançava e aquele som deixava-me doida. Tentei a todo o custo esvaziar a mente de tudo aquilo que tinha lido, aprendido, mas não fui capaz. Aqui e ali apareciam pensamentos, memórias, lembranças e o medo instalava-se.
A escuridão tornava a assustar-me. Aquela presença aterrorizadora mas ao mesmo tempo calmante estava de volta. Tentei não me mexer, fingir que o sono estava presente em mim e aguardei com uma respiração composta e um coração frenético. 
Os seus braços voltaram a preencher o meu corpo e desta vez não prendi quaisquer movimentos, aconcheguei-me livremente e, despropositadamente, deixei escapar um pequeno som de prazer. Não me importei, o sono chegara e eu, por muito que tentasse evitar, por muito que o negasse a mim mesma, sentia-me bem. Leveza, protecção, segurança, tranquilidade. Foi tudo o que eu pude sentir com aquele abraço!

3 comentários:

  1. Lindo. Como é que andas? O estágio está a correr bem? Beijinhos

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  2. Olha o que um Abraço faz, nas noites Negras :$
    Hehehehehehe...

    Vá.. quero mais docinho..

    Te Amo Imensooooo.. para além do Muito..

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  3. O abraço é mágico, poderoso, seguro :$

    Hoje escrevo, te prometo!

    Amo-te acima de tudo <3

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